50 anos da Independência Nacional Partido Liberal faz críticas severas à realidade social do país
Durante uma conferência de imprensa realizada hoje, 29 de novembro, em Luanda, o Secretário Nacional para Organização e Quadros do Partido Liberal, Laurindo Sahana, em nome do partido, fez uma declaração contundente à imprensa, em alusão aos 50 anos da Independência de Angola. No seu discurso, afirmou que o país mantém “uma dívida profunda com o seu próprio povo” e alertou para problemas estruturais que “não podem continuar a ser escondidos”.
POR MARIANA DO ROSÁRIO
Perante os jornalistas, o secretário destacou que, cinco décadas após a proclamação da independência, persistem desafios graves nos setores social, económico e judicial, que afetam diretamente a vida de milhões de angolanos.
“Milhares de crianças ainda estão fora do sistema de ensino”, afirmou, classificando a situação como “uma ferida aberta na consciência nacional”. Segundo Sahana, um país que deixa as suas crianças para trás “compromete o futuro”.
Outro ponto mencionado durante o discurso foi o nível de desemprego juvenil, que continua a alarmar em todo o país, representando, segundo o secretário, uma traição aos ideais da independência.
Também abordou a situação da saúde pública, destacando a falta de medicamentos, a escassez de profissionais e a ausência de um atendimento digno, problemas que descreveu como “tragédias diárias” que colocam vidas em risco. “A vida do nosso povo não pode ser tratada com improvisos”, sublinhou.
A fome, que continua a afetar milhões de cidadãos, foi outro tema central. Sahana considerou esta realidade “inaceitável num país com tantos recursos” e insistiu que o problema exige “ação urgente e soluções reais”, e não apenas discursos.
O secretário denunciou ainda alegadas irregularidades no sistema judicial, incluindo sentenças negociadas e decisões manipuladas. Acrescentou que continuam a existir presos de consciência, sobretudo jovens detidos por reivindicarem os seus direitos, e criticou os “excessos da polícia”, recordando o caso recente de um jovem morto por um agente que deveria proteger vidas.
No encerramento, Sahana apresentou um conjunto de compromissos que, segundo ele, devem orientar um novo rumo para o país, como a inclusão total das crianças no sistema de ensino, oportunidades reais de emprego para a juventude, saúde digna e acessível, e um combate firme à fome, entre outros objetivos.
Laurindo Sahana concluiu afirmando que os próximos 50 anos não podem repetir os erros das últimas cinco décadas, apelando a uma era de coragem, honestidade e transformação verdadeira.