Peso dos mais de 40 acordos assinados com EAU pode resultar na injecção global de mais de 6 mil milhões de dólares na economia angolana”

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O Presidente da República de Angola, João Lourenço, valorizou altamente o conteúdo das relações que Angola tem vindo a manter com os Emirados Árabes Unidos, reforçadas hoje com a assinatura de mais de 40 acordos em diferentes domínios e que, quantificados, representam uma injecção de 6,5 mil milhões de dólares na economia angolana.


Isso vai ter “um indiscutível impacto na criação de milhares de postos de trabalho que vão absorver essencialmente jovens com diferentes níveis de qualificação”, sublinhou o Chefe de Estado na sua alocução, feita diante da delegação emirati e de vários membros do Executivo angolano.

  DISCURSO DO PRESIDENTE JOÃO LOURENÇO, EM VERSÃO INTEGRAL


 “ Sua Alteza Sheik Mohamed Bin-Zayed Al Nahyan,

-Distintos membros da Delegação dos Emirados Árabes Unidos,

-Estimados membros da Delegação angolana,

-Minhas Senhoras, Meus Senhores,

Permita-me que dê a Vossa Alteza e à delegação que o acompanha as boas vindas à República de Angola, onde O recebemos de braços abertos, no quadro da primeira Visita de Estado que realiza ao nosso país, por mantermos com os Emirados Árabes Unidos uma relação de amizade e de cooperação de longa data, assente nos contactos aos mais variados níveis que fomos estabelecendo com muitos e apreciáveis resultados e que passarão a ter a partir de hoje um suporte mais formal e mais institucional, em virtude dos 44 instrumentos jurídicos que serão firmados entre os nossos dois Governos durante a Sua estadia entre nós.

Se não houvesse outras razões, bastariam estas que acabei de referir para que a visita de Vossa Alteza assumisse desde já uma irrefutável importância histórica, que se reflectirá a partir de agora de forma muito mais intensa e visível nas relações de amizade, de cooperação e de solidariedade que ligam Angola aos Emirados Árabes Unidos.

Já temos no mercado angolano uma presença apreciável de empresas do vosso país, que, pelas suas reconhecidas competências, têm tido aqui um desempenho que importa realçar, pelo contributo que prestam na diversificação e desenvolvimento da economia nacional angolana.

Sua Alteza,
Excelências,
Referi-me há instantes aos acordos que vão ser assinados e fi-lo com especial relevância por considerar que terão o propósito de criar um quadro mais abrangente de intercâmbio entre os nossos países ao nível institucional, comercial, político e cultural mais propenso ao fomento de sinergias, sobretudo em áreas-chave como as energias renováveis, a logística portuária e aeroportuária, o sector mineiro, a agricultura e o agronegócio, de entre outros, representando, tudo isso, uma injecção total de capital na ordem dos 6,5 biliões de dólares na economia angolana, com um indiscutível impacto na criação de milhares de postos de trabalho, em que procuraremos essencialmente absorver pessoal jovem com diferentes níveis de qualificação.

Esta perspectiva não se restringe apenas a Angola, pois o vosso país emergiu como um dos investidores estrangeiros mais importantes em África, ocupando um lugar de destaque como parceiro para o desenvolvimento, com um volume de engajamento financeiro superior a 100 biliões de dólares desde 2019 até ao presente momento.

Esta constatação dá uma inequívoca consistência à aposta que estamos a fazer na relação de cooperação que pretendemos intensificar com o vosso país e na atracção de investimentos do sector empresarial dos Emirados Árabes Unidos na economia de Angola, país que possui um potencial de recursos suficientemente vasto e diverso para não ter nenhuma hesitação em enfrentar os desafios complexos do desenvolvimento, tendo a vossa Nação como uma das suas principais referências.

Estamos a aprofundar uma parceria da qual pretendemos que todos possamos sair a ganhar, tendo a firme convicção de que o balanço da actuação comum que viermos a fazer daqui a algum tempo, apresentar-nos-á resultados encorajadores e positivos para os empreendedores angolanos e os dos Emirados Árabes Unidos que forem audaciosos e acreditarem na força da interacção como factor impulsionador da concretização da sua visão sobre o futuro dos negócios entre as nossas duas Nações.

Sua Alteza
Excelências,

Está no centro das nossas preocupações a resolução dos problemas que decorrem da pobreza que ainda afecta segmentos consideráveis da sociedade angolana.

É sempre em busca de respostas urgentes e duradouras para estas questões que nos desdobramos de forma incessante em contactos com os nossos parceiros de cooperação internacional, no sentido de absorver experiências, conhecimento e recursos destinados a aplicá-los com a finalidade de alcançarmos os bons resultados que almejamos, tendo sempre em conta que, para esse efeito, é necessário tempo, perserverança, paciência, colaboração e solidariedade entre todas as forças vivas da Nação, tal como ocorre no vosso país, onde os sucessos que vêm alcançando decorrem muito da conjunção dos factores que antes referenciei.

É cada vez mais inquestionável a importância que assumem as infra-estruturas no contexto dos esforços de desenvolvimento que os países africanos procuram levar a efeito, quer individual como colectivamente e, por isso mesmo, em concordância com essa evidência, a União Africana realizará em Luanda no mês de Outubro a “III Cimeira de Luanda sobre o Financiamento do Desenvolvimento de Infra-estruturas em África.”, para a qual convido o vosso país e as vossas empresas a participarem, a fim de tomarem contacto com as múltiplas oportunidades que serão colocadas a discussão em termos de realização de projectos estruturantes, para cuja concretização contamos com os recursos técnicos, tecnológicos e financeiros dos nossos parceiros.

Sua Alteza,
Excelências,

O mundo enfrenta uma crise de segurança bastante preocupante, em virtude da multiplicidade de conflitos que se registam em várias zonas do nosso planeta.

Preocupa-nos fundamentalmente, pela sua violência e pelos riscos que encerram de poderem vir a escalar para uma conflagração de proporções globais, na Europa a Guerra entre a Rússia e a Ucrânia, e o quase eterno conflito que se desenrola no Médio Oriente, onde já não é admissível que se tolere a violência do genocídio que é praticado na Faixa de Gaza contra o povo palestino, que tendo o legítimo direito a um Estado Independente e Soberano à luz das pertinentes resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, corre hoje o risco de ser expulso do solo sagrado de seus ancestrais para um êxodo sem retorno, perante uma grande passividade da comunidade internacional.
Não se pode continuar a permitir que isso ocorra, sob pena de nos tornarmos cúmplices de uma das maiores tragédias humanas do nosso planeta.

Não podemos ficar indiferentes a outras situações com contornos semelhantes que se registam em África, muito especialmente na região do Sahel, no Leste da RDC e no Sudão, onde se agrava de forma alarmante a situação humanitária das populações que se vêm a braços com um conflito a precisar de uma atenção urgente e de uma abordagem imparcial da comunidade internacional, que, em articulação com a União Africana, deve encontrar soluções que levem ao fim definitivo desses conflitos.

Muito Obrigado pela vossa atenção”.


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