Aurora Bambi a responsável pela má gestão e uso irregular de fundos agitam o Instituto Superior Politécnico do Bengo sob olhar do Ministro Albano Vicente
Uma série de documentos internos, aos quais este jornal teve acesso, reacendeu o debate sobre a gestão financeira do Instituto Superior Politécnico do Bengo (ISP-BENGO) e expôs um conjunto de operações que levantam dúvidas sobre transparência, prioridades e a forma como os recursos públicos estão a ser administrados.
Os registos revelam pagamentos avultados a empresas que aparecem repetidamente como prestadoras de vários tipos de serviços, desde limpeza e capinagem até consultoria, viagens, alojamento, aquisição de materiais e apoio a projectos académicos. Um dos casos mais notórios é o da empresa KMCS – Comércio e Serviços, Lda, que recebeu, só entre 2024 e 2025, valores elevados para serviços de manutenção e limpeza, com montantes que variam entre cerca de 287 mil kwanzas e mais de 3 milhões de kwanzas por ordem de pagamento, enquanto que a instituição possui apenas um funcionário que cuida do jardim. O mesmo foi recrutado ilegalmente, sem concurso público e, actualmente trabalho sem contrato de serviço.

As despesas descritas incluem pagamentos em série pelo mesmo tipo de serviço, muitas vezes no mesmo ano, com valores significativamente superiores aos preços de mercado citados por empresas do sector.
Há ainda ordens de saque associadas a supostos serviços de consultoria, preparação de projectos científicos e aluguer de viaturas, todas elas atribuídas à mesma entidade, sem indicação clara de concursos ou avaliação de propostas alternativas.
Outra empresa recorrente nas contas do ISPB é a Arte da Limpeza – Comércio Geral e Prestação de Serviços, Lda, que surge como fornecedora de combustível, materiais laboratoriais e até promotora de “trocas de experiências pedagógicas” e “publicação de trabalhos científicos”, actividades cuja natureza costuma exigir instituições especializadas e não empresas de limpeza e comércio geral. Os valores ultrapassam, em alguns casos, os 7 milhões de kwanzas .
Também constam pagamentos a empresas ligadas à formação pedagógica e estágios de professores, como a Muangana – Comércio e Prestação de Serviços, envolvendo montantes acima de 2 milhões de kwanzas .
No total, os documentos indicam mais de 38 milhões de kwanzas em pagamentos efectuados num intervalo de três anos, com uma concentração invulgar de serviços nas mesmas entidades e objectos de despesa pouco claros ou de difícil verificação pública.
As críticas internas, segundo fontes contactadas, apontam para a falta de prestação de contas e para a ausência de relatórios que justifiquem os encargos. Há ainda queixas de docentes que alegam que projectos académicos mencionados nas ordens de pagamento nunca foram executados ou sequer apresentados em reuniões internas.


O silêncio das autoridades tutelares tem alimentado ainda mais o descontentamento. Apesar das numerosas denúncias comunicadas ao Ministério do Ensino Superior, vários funcionários afirmam que não houve, até agora, qualquer auditoria independente ou esclarecimento público sobre as decisões financeiras da instituição.
Para muitos trabalhadores, estudantes e membros da comunidade académica, o caso exige uma investigação urgente, capaz de apurar responsabilidades e garantir que os fundos destinados à educação superior no Bengo sejam aplicados com rigor, transparência e em benefício real dos estudantes e da investigação científica.
Até ao fecho desta edição, não foi possível obter esclarecimentos oficiais das entidades envolvidas.