E SE O PRESIDENTE DA REPÚBLICA TIVESSE OUVIDOS?

OPINIÃO
ISIDRO KANGANDJO/ Jornalista e CEO do portal de notícias ‘Factos Diários’
Ao comemorar hoje os meus 33 anos de idade, a conhecida idade de Cristo, decidi trazer aqui algumas verdades que, durante anos, vêm substituir o Hino Nacional. Afinal, todos lamentam, inclusive seus auxiliares, e pelo que parece, o Chefe deles, por sinal o nosso Presidente da República, assemelha-se a alguém que não tenha ouvidos.
A verdade é que o povo tem fome e a outra, é que o salário já não chega para atender as necessidades de casa, porque a comida subiu, que nem um avião da TAAG que se encontra nas quatro mil milhas de altura.
O povo, em que faço parte, não carece de doações, mas de políticas que facilitem o cidadão trabalhar e, através do salário justo, sustentar-se e dar sustento à sua família.
Os empresários solicitam a mão leve do Estado para reduzir as taxas dos impostos, com vista a preservarem as vagas de empregos e fomentarem mais empregabilidade.
Nós, os jovens criativos, (porque nem empreendedor sou por falta de apoios) encontramos dificuldades de apoios, quer em créditos bancários, quer por outras vias de financiamento, porque têm receio da nossa evolução, uma evolução que, no meu entender, deixaria o país orgulhoso, pois fomentaria o auto-emprego e mais oportunidades de empregos a outros jovens.
Lamentavelmente, fizeram do FADA um instrumento para silenciar os políticos e activistas. Por isso, hoje, quase todos, que tinham recebido financiamento por via do FADA, desapareceram emigrando, sem mesmo gerarem empregos, devido à má gestão do dinheiro público.
Muita gente alertou sobre o perigo do FADA, mas ninguém deu ouvidos. E os poucos que ouviram entenderam, na altura, que o desperdício dos 7 milhões e quinhentos mil Kwanzas a 15 milhões de Kwanzas tivesse tido a orientação do Presidente da República de Angola.
Os políticos na oposição e também alguns que se encontram no Bureau Político do MPLA lamentam a exclusividade na resolução de um país de todos.
“O país faz-se com todos e não apenas um a valer-se por todos”.
Daí o resultado: um Presidente que, apesar das lutas frenéticas por um futuro melhor — vê-se pelos investimentos no sector petrolífero (com a recente inauguração da Refinaria de Cabinda) e no sector da saúde –, está longe dos anseios da população.
Numa altura em que o presente dos angolanos é carregado de incertezas, será que a prioridade deve ser mesmo com o futuro?
A fome, que não tira férias, bem como a educação, sem desprimor doutros sectores, ficam sob responsabilidade de quem?
Os auxiliares do Presidente da República tornaram-se arrogantes e sem empatia com o povo, que o consideram de ‘meu povo’. Esta desconsideração ao povo é resultante de alguma orientação máxima do Palácio?
A população, ou mais sensível, as famílias acordam cedo para ocupar os contentores de lixo a fim de verem se, às 05 horas, encontram um objecto valioso ou uma comida qualquer para matar o bicho matinal. Isso não envergonha simplesmente o executivo. Isto envergonha-nos a todos que, mesmo tendo essa vontade, infelizmente não conseguimos fazer mais, porque temos limitações financeiras.
Entendo que os relatórios que o Senhor Presidente da República recebe tem tido alguns lapsos. Os erros de contar a verdadeira realidade de Angola e do povo angolano.
Temos uma Angola grande e rica, mas a maior parte da população tem fome. Falo somente da fome de comida, sem mencionar outras fomes, como a de justiça social.
Alguns, pelos dias sombrios passados, nem verão mais, amanhã, a luz do sol.
“A FOME É UMA REALIDADE CRUA E NUA”
Inventaram o Kwenda que se assemelha a uma assimetria regional, no qual os mais necessitados são afastados a partir das listas que um soba ou coordenador da aldeia, talvez militante do Partido que nos governa, faz uma selecção em que os seus (do mesmo partido) são os principais beneficiários, deixando os mais necessitados na lista de espera.
O esquema de corrupção aumentou, o desvio de fundos, que seria combatido desde 2017, encontrou, infelizmente, um outro caminho, pois quem deveria combater ficou sem localização geográfica. Os assaltos à Coisa Pública aumentaram e parece que os processos perderam as pernas, já não andam.
Existem várias infra-estruturas do Estado que têm até o momento mais de três orçamentos, mas as obras não andam e ninguém é responsabilizado.
Em volta a tudo isso, interrogo-me:
“O Presidente da República não tem ouvidos para atender as necessidades primárias do povo?
Os auxiliares do Poder Executivo transmitem verdadeiramente ao Presidente da República a realidade do país?
E SE O PRESIDENTE DA REPÚBLICA TIVESSE OUVIDOS?
Talvez não chegaríamos até aqui.
Se errei, peço desculpas, não era a intenção, mas quem fala de forma desesperada merece o perdão e abraçar o alerta.
Que tenhamos dias melhores no tamanho dos 33 anos, que não é só a minha idade, mas também a conhecida idade de Cristo.
Oremos por Angola e por dias melhores do povo angolano.
ABRAÇOS A TODOS OS ANGOLANOS E ANGOLANAS!