Embaixada de Angola em Espanha junta Embaixadas Africanas para Celebração do Dia da Mulher Africana

A Embaixada de Angola em Espanha celebrou, na sexta-feira, 1 de Agosto, o “Dia da Mulher Africana” sob o lema “Avanços na Justiça Social e Económica para as Mulheres Africanas através das Reparações”.
O evento, inserido nas comemorações do Quinquagésimo Aniversario da Independência Nacional de Angola, assinalou os 63° anos da histórica Conferência das Mulheres Africanas realizada na Tanzânia em 1962, onde foram lançadas as bases para o empoderamento feminino em África.
Durante a sua intervenção, a Exma. Sra. Balbina Malheiros Dias da Silva, Embaixadora de Angola, destacou a importância de reconhecer e reparar as injustiças históricas derivadas do colonialismo e do tráfico de escravos, cujas consequências continuam a afectar de forma desproporcional as mulheres africanas, vítimas de uma dupla discriminação: pela sua origem e pelo seu género.
Sublinhou que as reparações devem ser justas, integrais e transformadoras, concebidas para eliminar as desigualdades estruturais e devolver à mulher africana o seu papel central na construção de sociedades prósperas e inclusivas no século XXI.
“A mulher africana continua a enfrentar desafios significativos no acesso à educação, saúde e empoderamento económico. As injustiças económicas limitam as suas oportunidades e perpectuam a exclusão social. É urgente investir na educação das mulheres africanas como uma forma autêntica de reparação, capaz de transformar gerações e construir sociedades mais inclusivas”, declarou a embaixadora.
Apelou, igualmente, à adoção de uma agenda política de justiça reparadora, que não se limite a compensações económicas, mas que promova reformas estruturais, investimentos em infraestruturas educativas e económicas, e a eliminação de barreiras como casamentos infantis, violência de género, gravidezes precoces e a falta de acesso ao financiamento e formação profissional.

A embaixadora Balbina Malheiros defendeu reparações transformadoras para as mulheres africanas, vítimas de injustiças históricas que ainda as marginalizam. “Empoderar a mulher africana é construir um futuro justo e próspero para África”.
“O caminho para a igualdade é longo, mas educar uma mulher é educar uma nação”, concluiu.
O evento contou também com mensagens em vídeo da Sra. Eunice Iipinge, Presidente da Organização Pan-Africana das Mulheres, e do Sr. Mahmoud Ali Youssouf, Presidente da Comissão da União Africana, que destacaram a necessidade de continuar a trabalhar pela igualdade, dignidade e desenvolvimento da mulher africana em todas as esferas.
Por sua vez, a Exma. Sra. Karima Benyaich, Embaixadora de Marrocos e Decana do Grupo Africano em Espanha, felicitou Angola pelo 50.º Aniversário da sua Independência e prestou homenagem à mulher africana, realçando o seu papel como “Guardiã da Sociedade” e a sua contribuição vital para a economia.
A Embaixadora Benyaich salientou os avanços alcançados no continente em termos de representação política e diplomática das mulheres, embora tenha alertado para os importantes desafios que ainda exigem ações concretas no acesso à formação, financiamento e marcos legislativos inclusivos.
A jornada prosseguiu com um momento cultural a cargo do poeta P. Belchior “Kandimblé” e ao Som do Batuque de Margarida Nkai, seguido da conferência “Avanços na justiça social e económica para as mulheres africanas através das reparações”, proferida pela Dra. Nicole Ndongala Nzojwidi, Diretora Geral da Associação Karibu, e moderada pela Dra. Cristina Paulina, especialista em saúde da mulher e neuropsicoterapia.
A Dra. Ndongala sublinhou que a mulher africana “é o Pescoço da Nação” e que a sua voz deve ser ouvida no âmbito Político e Social.
“As mulheres devem ser protagonistas da mudança, trazendo a sua visão e experiência para a construção de uma sociedade mais justa. A reparação deve começar pela origem, sendo fundamental reconhecer o impacto negativo de uma cultura híbrida imposta durante a colonização, que relegou a mulher para segundo plano”.
A conferência reuniu vozes africanas e da diáspora para reflectir sobre os caminhos percorridos e os desafios ainda presentes na luta por justiça social, luta contra o racismo e económica para as mulheres africanas, tendo as reparações como eixo central.
Durante o encontro, foram destacadas as múltiplas formas de violência histórica e sistémica enfrentadas pelas mulheres africanas desde o colonialismo e a escravização até às desigualdades actuais e a urgência de políticas de reparação que reconheçam e respondam a essas injustiças.
As reparações devem ir além de compensações simbólicas e transformar estruturas, redistribuir poder e garantir que as mulheres africanas ocupem, com dignidade e equidade, o lugar que lhes foi historicamente negado. Uma das formas em as mulheres africanas na diaspora, devem lidar com o racismos existente nos paises residentes ( Espanha), consiste na autovalorizaçao, aceitação, motivação, integração dos valores e culturas da sociendade em que encontra, sem perder os seus valores de origem. Pra que isso seja efieciente há necessidade das mulheres na diaspora, apostarem no ensino e aprensizagem para consquistarem o respeito e o espaço que merece.
O evento terminou com uma noite cultural de dança africana (Kizomba e Semba) e desfiles de trajes tradicionais e Africanos representados por Angola, Cabo Verde, Camarões,Gana, Guiné Bissau, Guiné Equatorial, Marrocos e Nigéria, encerrando assim uma jornada de reflexão, compromisso e celebração das conquistas da mulher africana, com os olhos postos nos desafios futuros.