Mota Tavares & Barros proprietária da Elefante Bet acusada de irregularidades fiscais e lavagem de dinheiro
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A empresa angolana Mota Tavares & Barros, proprietária da Elephant Bet, está no centro de uma série de acusações graves, incluindo omissão de faturação, fuga ao fisco e lavagem de dinheiro. A operação, uma das maiores do sector de jogos de sorte em Angola, tem sido alvo de críticas por práticas irregulares que dificultam a fiscalização e beneficiam da falta de punições.
Segundo denúncias, a Mota Tavares & Barros limita o acesso à sua plataforma de dados e reporta as suas receitas e lucros apenas quando lhe convém, sem sofrer consequências. A empresa parece operar sem o devido controlo das autoridades competentes, o que tem facilitado práticas ilegais, como a evasão fiscal e a lavagem de dinheiro, uma vez que não há um sistema de monitorização transparente e eficiente.
Um dos episódios mais preocupantes ocorreu em 2023, quando a empresa renovou a sua licença para operar por mais cinco anos, antecipadamente, sem cumprir todos os requisitos legais exigidos para esse tipo de renovação. Isto levanta suspeitas sobre tentativas de evitar fiscalizações mais rigorosas e de se antecipar a possíveis investigações.
Além disso, a Mota Tavares & Barros declara um número de agentes muito abaixo do real. Embora se estime que a empresa tenha entre 9.000 e 10.000 agentes a operar no país, ela reporta apenas 3.000 a 4.000 agentes às autoridades. Esta discrepância é mais um indicativo de que parte significativa da operação está a ser ocultada, dificultando ainda mais o trabalho de fiscalização.
Em novembro de 2023, a empresa declarou uma faturação de 4 mil milhões de kwanzas, enquanto fontes indicam que o valor real foi de cerca de 11 mil milhões de kwanzas. Esta diferença sugere uma subdeclaração significativa, com a empresa a esconder parte da sua receita, prejudicando o fisco e favorecendo a prática de lavagem de dinheiro.
Outro episódio que gerou suspeitas ocorreu em outubro de 2023, quando surgiram relatos de pagamentos elevados de prémios e dificuldades da empresa para honrar esses compromissos. Naquele momento, o então Director-Geral do Instituto de Supervisão de Jogos (ISJ), Paulo Jorge Ringote, emitiu uma circular proibindo que os seus técnicos se deslocassem à Mota Tavares & Barros sem a sua prévia autorização. Fontes indicam que, nesse período, a empresa estava a retirar grandes somas de dinheiro do país e a enviá-las para o exterior, numa operação que envolvia valores em espécie que não eram depositados em bancos.
Estes episódios revelam uma falha grave no sistema de regulação do sector de jogos em Angola e indicam uma clara tentativa de ocultação de lucros e de favorecimento de práticas ilícitas. Especialistas e autoridades têm alertado para a necessidade de um maior controlo sobre as operações destas empresas, exigindo maior transparência e responsabilização para evitar danos à economia nacional.