Organizadores de festas entre instrumentos de lavagem de dinheiro dos políticos angolanos
Há mais de 16 anos, depois de ter se notado a caça aos políticos que terão se apropriado da coisa pública, foi criado um outro método que funciona em vários países do mundo para tornar o dinheiro ilícito para lícito usando os organizadores de eventos.
POR ISIDRO KANGANDJO
No caso de Angola, os principais organizadores de eventos são apontados como principais clientes de figuras que precisam fazer a lavagem de dinheiro.
O livro de Elvis Pontífice Cunha de Barros, que aborda sobre “o sistema angolano de prevenção de branqueamento de capitais”, aponta a realização e promoção de eventos culturais e sociais como forma de inserir o dinheiro roubado.
“O agente, após a sua realização, deposita nas instituições bancárias somas elevadas em dinheiro, justificando as com a realização do respectivo evento, quando na realidade operou uma confusão de proveitos”, aborda o livro no último parágrafo da página 28.
No caso em concreto em Angola, apesar de ser conhecido as tabelas de vários músicos de referência na praça nacional, é possivel notar que, num evento de 500 pessoas são convidados mais de cinco músicos onde cada artista cobra entre um milhão de kwanzas a 18 milhões. A conta para alguns não bate certo uma vez que o acesso custa entre dois mil a 10 mil kwanzas.
André Ventura Ngunza, um dos organizadores de eventos em Luanda, avançou que os organizadores não estão preocupados com o que arrecadam mas sim com os principais patrocinadores que vêm para branquear os recursos que terão conseguidos de forma ilícita.
“É fácil descobrir que organizações como LS REPUBLICANO e outros grandes realizadores de eventos, não estão interessados com o lucro mas sim com lobbys que fazem acontecer isso. O maior problema é que a máfia é grande e ninguém terá a coragem de investigar porque todos comem e quem tentar despertar é perseguindo tal como outros colegas morraram amando de muitos nossos companheiros”, revelou um antigo funcionário de Carbura Service que preferiu anonimato.