Porta Voz Nestor Goubel pode ser processado por falsa declarações pela família de Jeremias morto em Cacuaco por um agente da Polícia Nacional

O Porta Voz da Polícia Nacional em Luanda, Nestor Goubel, pode ser processado pela família do Malogrado Jeremias Alcino, por este ter supostamente mentido no programa da TPA, Ecos e Factos sobre as causas da morte.
REDAÇÃO-FD
Os familiares que falaram esta terça-feira ao Factos Diários, dizem ter recebido com muita preocupação os pronunciamentos do Porta Voz de Luanda da Polícia onde terá afirmado que a granada foi explodida pelo malogrado e este teve igualmente antecedente criminal, uma informação que a família nega.
Os familiares afirmam que o Porta Voz distorceu e ignorou as informações de testemunhas e um efectivo do Ministério da Defesa Nacional, identificado apenas pelo nome de William, que acompanharam por perto a confusão assim como a morte do quadro do Serviço de Investigação Criminal.
“Pelo bom nome da nossa família e em memória do nosso sobrinho, iremos, depois do enterro formular uma queixa-crime contra o Porta Voz da Polícia em Luanda sobre a tamanha mentira que usou na Televisão Pública de Angola(TPA) através do programa Ecos e Factos. O nosso irmão não tem antecedência criminal e é também mentira a ele foi o homem que explodiu a granada”, desafiaram.
O Factos Diários foi igualmente informado que a família já escreveu à Coordenação do Programa Ecos e Factos o direito de resposta com a finalidade de repor a verdade dos factos e limpar o bom nome da nossa família.
Jeremias Alcino Sawanga, de 23 anos de idade, foi morto com um tiro no estômago, neste domingo, 12, por um cidadão de nome Tiago dos Santos Lucamba, Agente da 3. Classe da Polícia Nacional, colocado no Comando Municipal de Cacuaco e em serviço na Esquadra da Vila Sede, no Destacamento Policial da Eco Campo, como patrulheiro, após uma contenda.
Segundo uma testemunha identificada apenas como William, militar das Forças Armadas Angolanas (FAA), e amigo de ambos, o facto ocorreu por volta das 22 horas, quando o acusado se deslocou a feira das roullotes, a cerca de 500 metros da esquadra da Nova Urbanização, para jantar, abandonando o posto de serviço, situado a aproximadamente 500 metros da esquadra, sem o conhecimento do seu Comandante e se dirigiu à mesa onde estava o efectivo do SIC e o militar.
“Eu e o Jeremias já estávamos lá a conviver. Ele (Jeremias) levantou-se, pôs a mão no meu ombro e Começámos a Conversar. Disse-me: Sempre com os bufos? A partir daí começou a confusão, e eu ainda tentei impedir”, relatou.
Acrescentou que o agente da polícia, que estava fardado, desferiu subitamente quatro bofetadas no peito da vítima, ameaçando matá-lo. Segundo o entrevistado, Jeremias afastou-se do local na tentativa de evitar que o pior acontecesse.
“Parecia ser uma acção já premeditada, porque antes de cometer o homicídio, o agente disse: “Conheço-te bem, és um agente do SIC. Vamos dar- te um cartão vermelho”, frisou.
William salientou que, logo depois de deixar o local, o agente regressou com uma arma de fogo do tipo AKM e efectuou um disparo na região abdominal, provocando a morte imediata da vítima. Ainda de acordo com a testemunha, após o incidente, o homicida dirigiu-se à sua esquadra, onde informou o comandante sobre o ocorrido. O oficial, no entanto, limitou-se a receber-lhe a arma, sem proceder a qualquer detenção, tendo o agente desaparecido da esquadra pouco depois e continuando foragido até ao momento.
Quanto à detonação da granada, a testemunha afirma que ocorreu após a remoção do corpo do local, desconhecendo-se o autor da deflagração do engenho explosivo. Ouvidos por este jornal, José Baptista e Madalena Sebastião, vítimas da explosão, confirmaram que esta se deu após a retirada do cadáver.
“Não sabemos, concretamente, quem lançou a granada de que fomos vítimas, mas não foi o malogrado”, afirmaram. No entanto, o Na Mira do Crime sabe que pelo menos 21 pessoas ficaram feridas na explosão, todas já se encontram fora de perigo.